quarta-feira, janeiro 17, 2007

Eolo, o deus dos ventos


«Que c’est triste Venise

au temps des amours mortes

Que c’est triste Venise

quand on ne s’aime plus

On cherche encore des mots

mais l’ennnui les emporte

On voudrait bien pleurer

mais on ne le peut plus…»

Charles Aznavour


Os dias pardacentos destes invernos sem chuva têm no meu espírito um efeito devastador. São o reflexo de mim, e eu preciso continuamente do fulgor dum farol para me manter longe da costa, já que o meu caminho é o mar alto. O mar alto e com vagas, sob um céu estrelado ou sol brilhante, causam-me menos receio que a água plana num banco de nevoeiro.

Em viagem, olho a montanha engalanada e lembro os moinhos da infância, de velas pregadas com um punaise na extremidade de uma cana de bambu. Agora corro ainda, mas na estrada de asfalto, e as velas que vejo rodam, rodam devagar, porque, como eu, já não têm pressa.

São belas porque giram e giram e cantam ao vento. Os seus corpos, altaneiros, do alto da serra olham a paisagem longe, sopram segredos no vale, aspiram os odores da fruta olorosa dos campos, choram o esventrar da terra nas pedreiras claras a ferir a serrania.

Por companheiros humildes a urze e a esteva, o carrasco e o pilriteiro, o rosmaninho e o alecrim.

E a gralha de bico vermelho.

3 comentários:

JPD disse...

É verdade, sim!
Há imenso tempo que não chove; há dias a fio, por enquanto ainda não muitos na minha perspectiva, que Lisboa regista nevoeiro.
Um dia de Inverno perfeito para mim é soalheiro e frio.
As amenidades do nosso clima -- com periodos de sol fulgurante longamente vividos -- acalentam os nossos humores ao ponto de uma fraca abstinência nos deixar logo tristes, abatidos, quase desamparados numa apagada e vil tristeza...Voilá!
:)

jawaa disse...

jpd, obrigada pela solidariedade!

vidavivida disse...

Pelo futuro que se advinha é sem dúvida um meio ideal, económico, sem poluentes e que a Mãe Natureza nos poê ao nosso alcance generosamente.
Falo claro da energia éolica.
Com a implemenetação da mesma em grande escala, será um meio para nos suprirmos de energia necessária para o nosso bem estar e um meio de parar com a poluição que nos vai sufocando cada vez mais, assim pensem os nossos políticos!!!!.
Um abraço.