sexta-feira, setembro 14, 2007

Comunicação

«Se um homem escreve bem só porque está bêbado dir-lhe-ei: embebede-se. E se ele me disser que o seu fígado sofre com isso, respondo: o que é o seu fígado? É uma coisa morta que vive enquanto você vive, e os poemas que escrever vivem sem enquanto.»

Bernardo Soares




Isto não é um diário.

A função da escrita é inata a quem é alfabetizado e lê. Gosta de ler, entenda-se. Quem é estimulado a ver desenhos e pinturas, a apreciá-las desde cedo, desenvolve a vontade de também criar. Como a música, como a construção na areia, como qualquer outra actividade. Este o grande desafio da educação que, como é mais do que óbvio, não começa propriamente na escola.

E assim aprendem as crianças, repetindo o rito. Principalmente se os assuntos surgem naturalmente, como algo que dá prazer, pouco a pouco inferindo que vale a pena conhecer melhor, saber mais, tirar prazer e proveito ao mesmo tempo.

Escrever é também comunicar. Para estabelecer empatia, seduzir à leitura, transcrevem-se vivências que nos tocaram a nós, desvenda-se o que a noite nos disse em segredo, o que trouxe o dia em alvoroço. Nessa escrita é reconfortante ter algum retorno, a mensagem fundamental de valer ou não a pena continuar. Que seja para rebater, qualquer função é aceitável, desde que conduza ao diálogo, ao aperfeiçoamento, se possível. O prazer de brincar com as palavras, o que se vai construindo, o limar das arestas, pintar, matizar as cores, leva à ficção, conduz ao nascimento de personagens, lugares, figuras, sensações pessoais em universo novo, criado, imaginado. Nem sempre real. E, se real, tão real como o cachimbo de Magritte.

É um percurso natural. Comunicar, apenas isso. Outras vezes ponderar as razões do leite derramado.

E deixá-lo infiltrar-se no solo, alimentar a Geia.

4 comentários:

rui disse...

Olá Jwaa

“Escrever é também comunicar.”
E eu acabei de ser o emissor de tão esclarecida escrita.
Estive a ver outros post’s, e gostei da forma cativante como escreves.

Falando de outro assunto:
- Já não vês a Madeira há muitos anos, se a visses agora, penso que não a reconhecerias, pois sofreu uma grande transformação.
No entanto continua sempre bonita.

Gostei de estar aqui
Que tenhas um lindo domingo

Abraço

paulocosta disse...

Olá Jawaa, concordo plenamente consigo, considero a escrita uma arte obrigatória.

bjs

veritas disse...

Bernardo Soares, que grande lição, daí a imortalidade do homem, do grande homem. Tenho-o na cabeceira...
Há quanto tempo! Mudei o formato do blogue. Tive que repor os endereços. Acho que ainda estão a faltar alguns dos que tinha antigamente. Vai aos pouquinhos.

Bjs. Boa semana.

dakidali disse...

Olá
Quanto ao gelado é só combinarmos.
As férias foram super, ninguém aborreceu ninguém, foram longas e sossegadas. O ano começou, leve e com esperança de um bom ano. Os horários voltaram ao que eram e o ambiente está mais leve. Apareça, sim, vai gostar.
Beijinhos