sábado, outubro 13, 2012

FICAR DE PÉ


Tantas vezes pugnei neste espaço pelo regresso às origens, pela observação da natureza e dos simples na resolução de pequenos nadas que podem degenerar em males maiores, que finalmente fui ouvida.

Eu sei quanto é difícil gerir este mundo em convulsão, eu sei como é difícil curar a enxaqueca sem tamanho do nosso país, daquelas que nem permitem abrir os olhos e olhar a luz. Sei por experiência que há um momento certo para a evitar, fora do qual foge ao nosso controlo e é preciso esperar com paciência e com dor que tudo passe. O tempo que tudo cura, o mal de amor a dor da ausência a pujança da vida.

Nasci na grande guerra, cresci no estado novo, vivi a revolução de abril em ânsias de alegria e mágoas. Na curva descendente do meu processo de vida pessoal, confronto-me agora com a subtileza de um pesar maior que supera o provocado pela cura imposta e ilustrada acima. É deprimente, é arrasador, ver os governantes do meu país, o presidente da república, o primeiro ministro, os ministros, cercados de policiais e cerrados nas suas torres de marfim como qualquer ditador do chamado terceiro mundo.

Só há democracia com a voz do povo, com a força do povo, e o povo português já não é analfabeto. O povo português compreende a situação que se atravessa em Portugal, na Europa e no mundo e tem dado provas disso. O povo português sabe e pode ajudar na solução da crise sem perder a dignidade.

E violência, não é preciso.

1 comentário:

Manuel Veiga disse...

metáfora pungente...

beijo