quinta-feira, junho 26, 2008

Protelar

É tempo de ração.

Tempo da Sagrada Comunhão.

Tempo de milagres.

Tempo de partilhar a hóstia com toda a humanidade.

Ou pelo menos é o que Lorbeer diz e Justin finge escrever no seu bloco, num esforço vão para fugir à opressiva boa vontade do seu guia. É tempo de observar «o mistério da humanidade, o mistério do homem corrigindo efeitos da maldade do homem» que é mais uma desconcertante sentença…

John Le Carré


Adiar é uma palavra que não deveria constar do vocabulário.

É feroz, sob uma capa de alívio, comodidade. Como o pelo liso e macio do predador, o seu jeito manso e elegante, não esconde um olhar atento e penetrante com que observa a presa. E espera.

Adiar está muito para além das conversas de travesseiro, o amigo que devemos consultar em todas as circunstâncias. Não tomar uma decisão em cima da hora, sem consultar o travesseiro, é um risco. Adiar uma decisão, é um perigo.

Adiar uma resolução já tomada, uma decisão fundamentada, um facto que sabemos inevitável, é não só uma atitude irresponsável, como arriscada. Em todas as circunstâncias.

Sabermos que o deserto ameaça eminentemente uma grande parte do território que habitamos e nos habituámos a chamá-lo nosso e continuarmos a sobrepor, à necessidade urgente de se tomar medidas no que toca a reflorestação com a qualidade requerida, o aspecto puramente económico do betão e do eucalipto, é um suicídio anunciado.

De nada vale acusarmos sucessivos governos de inoperância; operemos nós. Cada um de nós.

A isso chama-se consciência.

Educação.

6 comentários:

dona tela disse...

Vou mudando o paradigma.
Beijos.

Maria P. disse...

Recebi as rosas, são lindas...muito, muito obrigada.
Adoro estar naquele grupo, se puder vou voltar, claro.

Obrigada, beijinho
Maria P.

Rocha de Sousa disse...

Há décadas que se adia uma decisão,
ou a decisão da decisão sobre a ne-
cessidade urgente de travar um fal-
so desenvolvimento em nome de uma outra prioridade: a da sobrevivên-
cia. Na sua escolha de abertura,é oportuníssima a convocação do mis-
tério do homem carregando os seus
próprios defeitos - a mais descon-
certante sentença. Já nos foi dita-
da essa sentença e o desleixo é o
do mercado selvagem, petróleo, crescer por crescer, reduzindo só
migalhas do Co2. Após a sentença,
a consciência ainda não despertou.
Intervenção oportuna.
Até breve
João Rocha de Sousa

Rafael Almeida Teixeira disse...

Adiar sem consciência é um ato infeliz; doutra forma não.

Abraços afetuosos amiga Jawaa.

Justine disse...

Temos de agir sim, na medida das nossas forças, para além das nossas forças, contra as forças de quem toma as decisões que prejudica o futuro de todos.

M. disse...

Sim, cada um fazendo o que pode com a sua coerência.