quinta-feira, janeiro 03, 2008

O Encontro



Encontrei-o no caminho.
A água não turvou seu sonho,
nem se abriram mais as rosas.
Mas o assombro entrou-me na alma.

Gabriela Mistral



A hora é o tempo certo para acabarem os minutos, tal como o dia acaba as horas, o mês os dias, o ano os meses, depois o lustro, a década, o século e por aí fora.

Só a eternidade não tem fim. Ela, supõe-se, acaba a vida. E eternidade é uma palavra bonita em que cabem todas as promessas, todos os credos, todos os desejos. É lá que vive o sempre.

O crescimento do ser humano, como tal, é proporcional à escravatura de si próprio. O instinto opõe-se de início a qualquer mudança porque é naturalmente livre e a História regista provas irrefutáveis dessa constatação a cada passo, paralelamente à sujeição imperativa do progresso.

Se de repente a denúncia desse cativeiro chamado organização das sociedades nos conduzisse a um acto terrorista cujo alvo a atingir fosse a notação do tempo, a resposta seria apenas uma questão de fantasia.

O tempo poderia não existir. Seria bom descontruí-lo como se tomando nas mãos um arco-íris e ir desembrulhando as cores.

Quebrando todos os relógios, acabando com os horários das escolas. As crianças teriam um lugar de encontro com o saber (Agostinho da Silva assim falou), quando quisessem, quando estivessem cansadas de brincar, quando sentissem necessidade de saber como construir um novo brinquedo. Não haveria professores, porque todos seriam mestres de um saber a partilhar. Haveria permuta de bens, uns viveriam de dia, outros de noite, sem hora marcada de comer ou deitar. Voltaria a haver quem olhasse as estrelas e tocasse umas cordas em melodia para acordar o sol.

Não haveria mulheres sós, aprisionadas, violentadas, excisadas, porque elas estariam unidas, seriam olhadas como as mães dos homens, elas decidiriam quando o tempo de parir.

Não haveria religiões porque todos saberiam dar-se as mãos no tempo certo.

Não haveria tempo, haveria paz.

7 comentários:

mena maya disse...

And I think to myself:
"What a wonderful world"!

Jaawa, que visão fantástica do mundo das coisas simples e belas!
É preciso globalizar os valores essenciais, a Dignidade, a Amizade, o Respeito, o Amor e a Paz!

Um abraço

Rafael Almeida Teixeira disse...

Viajei com esse texto lindo enquanto o tempo ia passando.
Amo sua escrita, sua visão de mundo é divina.

Que haja paz, hoje, amanhã e sempre.

Victor Signorelli disse...

Se for o rafael q eu axo, e não eh esse aih do outro comentário, eu já expliquei pra ele sobrea MINHA utopia, q não tem origem, é o simples nome da minha ilha e não é a de Morus , o significado é meu, o poeta faz isso pega a palavra em seu significado bruto e transforma, eu não ligo q não exista ou não, não eh uma coisa real, como quase td é uma metáfora, pra lhe ser sincero estou cansado de me explicar.. se vc sabe q não existe, se vc acha q entendeu oq eu quis dizer e me acha bobo ou crente em algo sem sentido, não precisa comentar, se não entende as entrelinhas de meu texto, sei lah, deixa pra lah, acontece q eu me sinto mal com o tipo de comentário q seu amigo fez(caso estejamos falando do mesmo) e pode não parecer mas eu estou entrando na fase adulta já, to indo pros 20 aninhos e já li mta mas mta coisa msm.. sendo mto bem considerado por todos professores q tive.. principalmente na area de humanas.. eu fiz um comentario imenso sobre isso pra ele, mas ele nao me respondeu.. então deixei pra lah.. acreditei q ninguem mais viria... pra ler meus textos vc tem q estar de mente aberta, não é algo regrado, muitas vezes não é oq quer dizer, as vezes as pessoas acham q eh algo meu e pra mim não significa nada, é só um texto, vc precisa ler com tempo msm, pois pra entender meus textos é preciso sentir eles e não somente ler, senão acha q eu to escrevendo sonhos, não estou, eu escrevo sobre a alma humana, pensamentos, momentos da vida, não é nada fixo, não é simples, mas pode não ser tão complexo algumas vezes...Mas é como a mente humana, ela cria, viaja, compara, sonha, e tudo mais, e no fundo reflete também uma forma de pensamento q ajuda alguns leitores... Não importa os caminhos da vida... seu amigo msm não escreveu um certo, disse q ideais são ruins pro povo, depende da conjuntura, se ele houvesse estudado mais sobre roma, por exemplo saberia q alguns fatores importantes foram definidos por ideais, nem q seja a defesa da esposa contra tarquinio, é um ideal defender alguem q se ama e acabou com a monarquia romana, poderia citar momentos q os ideais foram importantes e npo séc XXI (inicio ao menos) a arma da vez é a falta de ideais a alienação q envolve tds na aura capitalista controladora...
Peço somente uma coisa, não quero q pare de comentar meus textos, mas se liberte dessas regras e concepções fixas, opiniões formadas, leia com um olhar mais livre, mais infantil talvez até, seja mais subjetivo talvez, relaxe, se apegue ao q poderia dizer, ao q vem em sua mente em forma de coisas q vc já sentiu, algo livre, natural, se não funcionar com você, de pensar em algo assim, tudo bem, leia com olhos livres de qlquer jeito..Entenda que eu não estou perguntando nada também, talvez entenda como um simples texto sem o sentido q parece ter, talvez apenas escrito atoa, sem refletir akilo td... leia livremente... não se apegue tanto ao real, tudo aquilo é abstrato, são pensamentos...

obrigado.

Victor Signorelli disse...

Eu estava ciente da etmologia da palavra, porém "sem lugar" pode representar outra coisa na minha mente além de não existência, eu vejo outros sentidos para isso... sendo sincero.. mas eu nunk disse q utopia existia no mundo real, até pke, posso estar enganado, mas não existe mar do conhecimento neh? hauHAUAHa
=pp

rui disse...

Olá Jawaa

Um Mundo perfeito!

Grande abraço

bettips disse...

Um sonho. Tentamos, como dizes, devagarinho, um a um, os próximos mais próximos... talvez já se tenha passado. Bj

Rocha de Sousa disse...

É praticamente impossível secar as
palavras antes de as editar, porque
o seu texto aronta conceitos e es-peras nunca ditas assim. Vem tudo a propósito, a própria beleza da palavra eternidade, a escravatura ao outro tempo das horas e das con-
dições escravas a que sujeitamos as
nossas vidas, responsabilidade, sem
sequer convocar Deus. Pensa o que tantas vezes tenho pensado: o des-
moronamento desta civilização, a revisitação das verdadeiras origens
e das esperas após cada morte - em
nome de outros objectivos, da ver-
dade do estar e do ser, aquele pai-
nel que esboça pela comunidade na-
tural e aberta, livre, todos juntos
e sós, com as suas escolhas, nunca
presos pela acumlação do ter - lu-
minosa utopia que mais profundamen-
te nos define.
Rocha de Sousa