terça-feira, abril 10, 2007

Alma Perdida


Toda esta noite o rouxinol chorou

Gemeu, rezou, gritou perdidamente!

Alma de rouxinol, alma de gente,

Tu és, talvez, alguém que se finou!

Tu és, talvez, um sonho que passou,

Que se fundiu na Dor, suavemente…

Talvez sejas a alma, a alma doente

Dalguém que quis amar e nunca amou!

Toda a noite choraste… e eu chorei

Talvez porque, ao ouvir-te, adivinhei

Que ninguém é mais triste do que nós!

Contaste tanta coisa à noite calma,

Que eu pensei que tu eras minha alma

Que chorasse perdida em tua voz!...

Florbela Espanca


2 comentários:

vida de vidro disse...

Florbela, a sensitiva, a eterna apaixonada, a sempre insatisfeita. Gostei de a reencontrar. **

naturalissima disse...

Gostei muito deste momento, desta lembrança, deste poema de Florbela Espanca...Mulher de alma inquieta.

Continuação de uma bela semana
Daniela