Eu gosto muito de flores.
De todas as flores, da orquídea à urze. E o que nelas mais me seduz é a cor, sobretudo. As cores, a textura, o brilho, o bordado delas. Como elas afrontam o sol, como elas se entregam. Como elas se escondem, se protegem dele, algumas enrolando as pétalas na hora de maior calor, outras fechando-as pela noite, dando os bons dias logo ao primeiro sorrir do senhor da luz.
Minha mãe passava horas do seu dia plantando, regando, cortando, limpando as folhas. Tinha dedo verde, tudo o que plantava, pegava, crescia, floria. Aliás, gozava duma intimidade com as flores que ia além da razão. Comigo nunca funcionou: sempre que pretendi ler delas uma mensagem, não anunciaram o que interpretei, e assim desisti. Também não gosto de mexer na terra, senti-la secar nos dedos; incomoda-me, tal como a farinha, é uma sensação desagradável.
Mas a magia das flores permanece e surge em flashes no meu pensamento agora.
Os cosmos em volta da casa nova, antes das novas construções. Os canteiros de gipsofila do quintal, das gerberas, as selhas dos craveiros, as buganvílias ao longo do ferro forjado no muro. A exposição anual de dálias na minha cidade. A época das «bonecas», recolhidas na caça às perdizes, flores cor de terra, de corola em bola redonda constituída por pétalas longas e compridas como cabelos. A profusão de plantas na varanda larga da fazenda, as sardinheiras, a trepadeira de «gaitinhas» que o Rui Pestana me fez reencontrar. A minha primeira chegada à Ilha da Madeira – nos Idos sessenta – o esplendor das coroas olhando-nos em cada recanto da estrada no meio do verde, as estrelícias como pássaros em voo quieto no alto da Ilha. E as rosas do jardim, lá e aqui.
As palavras também são flores.
Flores que sempre admirei e que agora, com mais tempo, também vou semeando, nem sempre sozinha. E os jardins se fazem com elas, plantas verdes, árvores, flores mais singelas, pedras e água correndo. Assim, plantando o que temos – 12 sementes apenas – cresceu no Eremitério o nosso primeiro jardim. E porque cresceu bonito, vamos apresentá-lo a todos, vaidosos que estamos, no próximo dia 22 de Novembro às 16:00 horas, no Palacete Balsemão, à Praça Carlos Alberto, no Porto.
Ei-lo:
22 comentários:
muito bem. parecem-me excelentes essas iniciativas de escrita colectiva.
bela a "aproximação" ao jardim de palavras. como flores.
beijo
saboreia-se com todos os sentidos. é certo.
aqui nos fazes saborear e lentamente abrir o apetite para este nosso livro e, o curioso é que, apesar de nosso, já tão tacteado mentalmente. saboreado e degustado nas leituras de cada jogo em que novos e surprendentes
"paladares" no apabnam desprevenidos tu consegusite, com este post criar novo apetite meso a quem o conhece e já saboreou todo o miolo. Delicioso "prato" confeccionaste que nos atrai a esta mesa Só uma coisa e digo-a já aqui poi enviei e-mai a todas/os e pelos vistos não receeste- por isso aqui fica para obviar nova perda ou desvio de caminho - o dia 15 estava provisório esprando confirmação segundo disse. O espaço estava alugad e a nossa data, final, definitiva ractificada é o dia 22 de Nov.16H00. Parabén por este belíssimo e analógico texto. Vou divulgar. Fraterno a grato abraço
Muito bem!! É um prazer participar do livro! Parece-me que a data é 22 de Novembro e não 15. Pelo menos foi como escrevi num dos meus blogs. Muitos beijos, bom fim de semana.
Bela forma de introdução ao "nosso" livro que espero se torne o de muitos. Há sonhos que realmente são como flores e pelo que contaste percebo pq amas as flores. A nossa infância marca-nos muito.
Adorei esta apresentação. Também sou uma amante de flores, plantas, jardinagem . . . e foi uma ideia gira para amostra deste jardim implantado por vários e cada um com a sua beleza, cor e cheiro soube por no papel.
Obrigada. Um abraço
mj
Eu, que não gosto especialmente de flores coloridas e ao natural, ex-
cepto as silvestres, de cor «seca»,
que vivem do ar e do sol, sem espa-
vento, eu gostei imenso do percurso
da Jawaa em torno dos nomes das flores, essa passagem subtil, mas
como cantata, do nome/imagem para o nome/palavra. A palavra que,com
e sem flores, «rendeu» certamente
um belo livro. Raquel tem razão,
trata-se de uma bela introdução ao
livro.
Rocha de Sousa
Ok, vou já emendar...
Um abraço e obrigada.
Olá!
:)
o k poderei acrescentar senão dizer o óbvio: fizeste aqui um excelente texto divulgatório de sonhos que crescem - os sonhos as palavras, os textos - não o livro porqueeste não estava no horizonte até k algumas cabecinhas começaram a sonhá-lo ...e o sonho foi crescendo __________________________
____________ e como todos os sonhos bons tomou forma de................... sonho em ~~~~~~~~~~~~movimento~~~~~~~~~~
__________________ não virou pesadelo __________
Belíssima e "apetitosa" divulgação.
Bjs
Luz e paz contigo
Um texto de introdução a flores, amores e cores... de tantos pensamentos que se cruzaram e que a gente vê crescer com afecto.
:-)
Regressarei da minha ausência com o meu nome lá inscrito - neste poderoso projecto - colectivo - singular - de cada um - no plural!!
abraços fraternos
Eduardo
belo texto!!!
Que bonito este teu texto, Jawaa! De uma enorme simplicidade e com tanto dito!
E o melhor... O melhor ainda está para vir! Este será só o primeiro de muitos outros sonhos... Parabens!
Beijo feliz com um Pingo de orgulho por a conhecer.
Que belíssimo texto de "promoção". Não há comprador potencial que resista a esta apresentação...:))
E lá nos iremos encontrar, no nosso jardim de palavras!
belo texto... ornado com flores, então?! maravilha!!!
Volto para comentar com calma. Tem um artigo meu no amalgama. Se puder d~e uma olhadinha
Foi hoje a minha rentrée!
Beijinhos.
Como colaboradora do livro, aqui vai o meu MUITO OBRIGADA pelo lindo texto ofertado.
Crreio que estamos todos de parabéns e realmente a "união faz a força" e assim, até Novembro.
Sê Feliz!
Muito tem a humanidade a aprender com elas.
Gostaria k me enviasses este texto e as fotos k o antecedem para postar no nosso Blog 22 Olhares.
Bom Domingo
Bjs
Luz e paz contigo
Enviar um comentário