sexta-feira, julho 28, 2006

Estrelas

« - Comment! Berger, il y a donc des mariages d’étoiles?

- Mais oui, maîtresse.

Et, comme j'éssayais de lui expliquer ce que c’était que ces mariages, je sentis quelque chose de frais et de fin peser legèrement sur mon épaule. C’était sa tête alourdie de sommeil qui s’appuyait contre moi avec un joli froissement de rubans, de dentelles et de cheveux ondées. Elle resta ainsi sans bouger jusqu’au moment où les astres du ciel pâlirent, effacés par le jour qui montait.

Moi, je la regardais dormir, un peu troublé au fond de mon être, mais saintement protégé par cette claire nuit qui ne m’a jamais donné que de belles pensées. Autour de nous, les étoiles continuaient leur marche silencieuse, dociles comme un grand troupeau; et, par moments, je me figurais qu’une de ces étoiles, la plus fine, la plus brillante, ayant perdu sa route, était venue se poser sur mon épaule pour dormir.»

Alphonse Daudet
















Quando a noite desce e com ela chega a brisa forte que adoça o quente destes dias, saio para o jardim e gosto de olhar o céu. Já a aldeia dorme sem a inquietude dos carros que circulam, apenas o ladrar de um cão, do outro lado da estrada, acusa a chegada tardia do seu dono; são latidos de alegria.

Todavia o Homem determinou que a noite não entrasse nos casais, que o mocho não piasse no escuro, que as rãs deixassem de coaxar na ribeira, que as estrelas não brilhassem no firmamento. Perpetuou o dia com a luz artificial e a noite entristeceu.

Com as mãos em concha sobre o rosto, tento olhar as estrelas para além dos pinheiros altos e consigo situar com alguma nitidez a Ursa Maior; procuro para o lado onde sei o Norte e imagino a Menor com a sua cauda a indicar o Setentrião.

Que é da «minha» Estrela Polar? Aquela estrela brilhante que me ensinaram a imaginar cintilante entre as demais, a estrela fulgurante que guiava os mareantes quando, no meu céu equatorial do sul, eu aprendia a Cassiopeia, o Cruzeiro do Sul e o Orion com os Três Reis Magos?

Para onde vai, agora, a outra estrela polar de tantas crianças, a nossa Maria João Pires??!!

A infância é, sim, a Terra do Nunca.

5 comentários:

Choninha disse...

A infância é a terra de sempre... O nunca não existe!
Tenho uma estrela. Ensinaram-me qual era a minha e nunca a perdi!
De que constelação? Não sei. É minha. Enquanto não a reclamarem é minha, só minha!

naturalissima disse...

Olá, olá, olá...
Ainda bem que as crianças têm um mundo sem limites, é um "Mundo do Nunca"... Muito belo este momento de grandes voos, em busca de sonhos.

Um beijinho especial e uma boa semana
Daniela

Anónimo disse...

Também fiquei triste por a Maria João nos ter "abandonado",mas depois de ler algumas declarações...continuo na dúvida sobre os verdadeiros motivos,prefiro pensar que lhe apeteceu conhecer outra cultura e distribuir o seu talento por outras crianças.
Hoje não há distâncias,tudo se resolve com umas simples teclas.
O "nosso" principezinho também saiu do seu planeta e trouxe-nos coisas tão lindas... o capítulo XXI

Anónimo disse...

(cont.)é sem dúvida o que mais gosto e dedico-lho com muita ternura.
Beijinhos,muitos beijinhos.

jawaa disse...

A todas,obrigada por me terem visitado (e terem escrito aquelas letras terríveis...!)
Ni, Amiga, pois sobre a M.J.P. eu tinha apenas tido conhecimento da primeira notícia sensacionalista, como todas, Belgais continua. E aquele coração grande vai decerto continuar a pulsar e a tocar outras crianças.
Bjinhos