Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.
Manuel António Pina (Prémio Camões 2011)
No sorriso das palavras o mundo todo se aconchega.
É alegria e dor ao mesmo tempo, aberta e partilhada ou então escondida atrás dum rasgar de face que os olhos não acompanham no brilho.
Nada é totalmente como queremos, é sempre mais ou menos, daquilo que desejamos embora uma e outra, dor e alegria, se ofusquem num determinado momento, dando azo a momentos únicos de explosão de raiva ou alacridade que nos dão algum fôlego para continuar em frente, porque nada volta para trás.
Tudo se constrói a partir do momento em que vivemos e nos damos conta do terreno que pisamos, se é chão duro e seco, se dele ascende o odor da chuva fecundando a terra, se é lodaçal ou areia movediça onde o corpo se afunda devagar.
Portugal tem um chão de verdade, chão quase milenar, tem terra firme, donde sobe o cheiro doce da terra molhada, numa profusão de continentes, tem como senhora única uma Língua imensa e forte que está acima de todos os impérios, reis ou príncipes forjados pelos homens. É uma Língua que nasceu vulgar do Latim dos clássicos, que se misturou de celta, de galego e de lusitano, que mergulhou sem medo nos oceanos e as ondas levaram e semearam e germinaram em crioulos e em tonalidades doces de inflexão peculiar por essas praias além.
Havemos de fazer com ela o ramo de oliveira que um dia uma pomba branca trouxe para a Arca a dizer que os tempos maus já eram idos e que havia terra fecunda à vista.
5 comentários:
O ramo
e oliveira do nosso aqui e agora.
Em ponte de palavra comum.
Como dizia hoje a alguém: "África, onde temos a sepultura e a herança".
Materializadas, e felizmente, em pessoas como tu.
Bj
Enternecedor e belo o teu passeio pelas mecigenações da nossa língua, nossa âncora e nosso futuro!
Claro que devagar se vai longe. Não
foi dessa maneira, ao longo de mi-
lhões de anos que as formações ce-
lulares exíguas, pé ante pé,chega-
ram ao modo de constituição de or-ganismos cadavez mais complexo até determinarem o vértice luminoso do homem,do,cérebro,visão,motricidade planos mentais,emocionais e da razão que a consciência acolhe e relaciona.
Pode um dia haver um futuro harmo-
nioso e feito de beleza e paz. Mas
não há, agora, nenhum verdadeiro indício nesse sentido. APELEMOS.
Um acaso, a gente encontrar-se... uma caso vermos comentários no passado. Eu não tenho accionado nada que me diga que a ou b acabaram ou comentaram. É quase uma intuição, os caminhos que vou percorrendo.
"Depois"
quando a palavra fluir do sentimento, falarei do livro que ainda leio, à noite - que não é livro que mereça ser lido "por aí".
Eu também saio, de casa, pouco. Saio muito mais pelos amigos a que me fui habituando, este 5 anos de PPP. Cada vez mais recreio as palavras da memória. Procuro um lugar inconsistente ... e fico-me.
Agradeço o teu "ensino", acrescenta-me.
Beijinho I.
da bettips
saudades de Futuro! belíssimo
o "nosso" padre António Vieira iria gostar...
beijos
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