domingo, agosto 31, 2008

Culturas


Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra

Não tenho a a sabedoria do mel ou a do vinho.

De súbito, ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.

A minha tristeza é a da sede e a da chama.

Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.

O que eu amo não sei. Amo. Amo em total abandono.

Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.

Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.

Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.

Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.

Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.

Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.


António Ramos Rosa



8 comentários:

Rocha de Sousa disse...

Não me importaria de assinar algu-
mas destas fotografias.A reportagem
fala bem de uma realidade, algures,
e é isso que falta para melhor en-contro do leitor com o lugar.
Parabéns, também, mais uma vez, pela excelente escolha do poema.
Um abraço
Rocha de Sousa

Justine disse...

Ah, o feitiço de Cabo-Verde, essa morabeza que dura para sempre!

pianistaboxeador21 disse...

Tanto o poema, quanto as imagens são maravilhosos: "Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra"
Parabéns e gde abraço,
Daniel

pianistaboxeador21 disse...

Obrigado pelo comentário na NA. está lincada, quando postar coisas novas, venho ver.

Abração,

Daniel.

naturalissima disse...

Depois de uma ausência bem merecida, vejo que por aqui se vive momentos belos, em lugares maravilhosos, que nos levam à saudade.
Gostei muito destas "reportagens" fotograficas, acompanhadas por belos poemas.
Uma boa semana de trabalho
:)

bettips disse...

Há uma cor repetida, no mar e na ingenuidade das paredes. Na sensatez cansada da memória.
Bjinho

M. disse...

Meu Deus, que poema belíssimo! Comovente.

a.m disse...

Simples, natural e sentido.
Gostei