Tantas vezes pugnei neste
espaço pelo regresso às origens, pela observação da natureza e dos simples na
resolução de pequenos nadas que podem degenerar em males maiores, que finalmente
fui ouvida.
Eu sei quanto é difícil
gerir este mundo em convulsão, eu sei como é difícil curar a enxaqueca sem
tamanho do nosso país, daquelas que nem permitem abrir os olhos e olhar a luz. Sei
por experiência que há um momento certo para a evitar, fora do qual foge ao
nosso controlo e é preciso esperar com paciência e com dor que tudo passe. O
tempo que tudo cura, o mal de amor a dor da ausência a pujança da vida.
Nasci na grande guerra,
cresci no estado novo, vivi a revolução de abril em ânsias de alegria e mágoas.
Na curva descendente do meu processo de vida pessoal, confronto-me agora com a
subtileza de um pesar maior que supera o provocado pela cura imposta e
ilustrada acima. É deprimente, é arrasador, ver os governantes do meu país, o presidente
da república, o primeiro ministro, os ministros, cercados de policiais e
cerrados nas suas torres de marfim como qualquer ditador do chamado terceiro
mundo.
Só há democracia com a voz
do povo, com a força do povo, e o povo português já não é analfabeto. O povo
português compreende a situação que se atravessa em Portugal, na Europa e no
mundo e tem dado provas disso. O povo português sabe e pode ajudar na solução
da crise sem perder a dignidade.
E violência, não é
preciso.
1 comentário:
metáfora pungente...
beijo
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