A arte,
mistério impenetrável, não cabe na razão lógica e qualquer tentativa de a
desmontar será sempre inútil. Se fosse possível desmontá-la não seria arte.
António Lobo Antunes
Nem sempre
as palavras certas surgem no momento em que estamos preparados para as receber
ou, visto da outra face, nem sempre a palavra mais certa acontece com a
precisão no momento em que desejaríamos que nada falhasse.
Por vezes a
comunicação aparece com um qualquer ruído e há uma sintonização que é preciso
fazer, rodando o botão e escutando atentamente até encontrar a pureza da voz.
Basta um pequeno gesto e tudo se acerta.
Ou então,
mal se solta a palavra, ela bate nos tímpanos e o som daquela voz, apenas o som
nos preenche, apaga todos os ruídos de fundo, o mundo se apaga para tudo o
resto, tudo deixa de existir. Esse é o momento mágico.
António Lobo
Antunes escreve regularmente crónicas que, não raro, deixam uma mensagem que
preenche qualquer coisa que nos é comum, que poderia ser comum, parece ser
também nossa, nunca a saberíamos dizer assim, mas sabemos assim senti-la. São
os tais momentos mágicos que constituem o prazer da leitura, a simbiose
perfeita com o narrador.
Esta semana
ALA quis dizer adeus, ou antes, quis anunciar um adeus que não me apareceu bem
sintonizado, não me tocou como um adeus às letras, soou ao meu entendimento
apenas como algo escrito para ser lido por quem não sente.
Escrevo eu
agora também redondo, nem sempre as palavras certas surgem no momento em que
estamos preparados para as receber.
2 comentários:
vou procurar a crónica do ALA.
quero saborear em pleno teu texto...
Começo por lhe dizer que, só há momentos, ao percorrer as estatísticas do meu blogue, encontrei o seu comentário ao post "Voltei".
Ao lê-lo revi-me num todo. Ficou-nos tudo para trás, resta-nos a memória e essa reergue-se... ampara.
Quanto ao ALA, não li a crónica. Vou procurá-la.
Beijinho
Laura
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