CÓLOFON OU EPITÁFIO
Trinta dias tem o mês
e muitas horas o dia
todo o tempo se lhe ia
em polir o seu poema
a melhor coisa que fez
ele próprio coisa feita
ruy belo portugalês
Não seria mau rapaz
quem tão ao comprido jaz
ruy belo, era uma vez
Ruy Belo
Um cemitério é um lugar de paz.
Ainda os há recatados e simples, para além de uma cancela, atrás de uma igreja humilde. E poetas descansando sob as palavras que escreveram em vida, quem sabe sonhando mais tempo para outros dizeres.
S. João da Ribeira é pouco mais que um largo cuidado a seu modo, enfeitado a azulejos, como convém. Ao fundo, a igreja de torre e poço de pedra a contarem da presença dos mouros, logo a seguir o lugar de repouso eterno. Ali nasceu Ruy Belo e a sua lembrança jaz numa campa rasa e sem flores.
Talvez ele a quisesse assim.
8 comentários:
O ato de escrever perpetua se na vida.
A ironia do epitáfio aponta para que sim, que era assim que ele a queria!
Abraços
Comovente, controverso.
Foi importante saber como encarou a morte que anunciou tão antes, no seu enorme gesto-escrito de poeta.
Bjinho
não conhecia o poema. nem a atitude do poeta perante a morte.
gostei de saber. sobe o poeta mais uns pontos na minha predilecção.
beijo
Um cemitário assim, «igual» àquele de que tenho falado e publicado fo-
tografias, é da facto «um lugar de
paz». Ruy Belo, antecipando um re-
pouso assim, escreveu para si o que
terá desejado para outros poetas. O
poema tem essa beleza, a da anteci-
pação da serenidade inventada por nós, aqui e além, para depois da
moorte.
Rocha de Sousa
Ah, havia mais fotos... ;)
Beijinho.
Uma belíssima homenagem a um grande Poeta que cedo partiu para outro lugar. Ele queria assim. Beijos.
A morte assim pensada na sua simplicidade. Fantástico!
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