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Parece que o tempo da vida se esvai num dia de cravos vermelhos.
Cravos vermelhos que pintaram uma revolução de esperança e de paz, porque – ó jovens! – não houve mortos. Houve apenas cravos da cor de sangue que não foi derramado e uma criança, um puto, um gaiato de Lisboa a colocar um no cano da arma de um soldado português, como quem enfeita uma jarra de cristal. Como a foto bonita que correu mundo, Chico Buarque imortalizou Abril numa canção de solidariedade como só um irmão sabe fazer, sujeitando-se à mesma censura que nos afogara.
Cada vez menos se vêem cravos nas lapelas, nos cabelos e mãos das mulheres. Os que agora cantam as canções nas ruas nem sabem por que o fazem, nem seus pais decerto recordam a opressão e o jugo.
Restam os cravos derramando-se pelas floreiras em cada casa onde se festeja a liberdade, as liberdades que também trouxeram mágoas, onde ainda se recorda a simbologia que vai permanecer como a insígnia do povo português.
5 comentários:
Gostei das fotos.
belo e comovente texto
abraços
Texto belissimo.
Eu ainda lembro como foi. Como pode ser.
Olá jawaa,
excelente texto!
Obrigada pelo cheirinho a alecrim...
Uma maneira muito bonita, e lúcida, de falar deste dia.
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