«Moi je t’offrirai
Des perles de pluie
Venues de pays
Où il ne pleut pas
Je creuserai la terre
Jusqu’après ma mort
Pour couvrir ton corps
D’or et de lumière
Je ferai un domaine
Où l’amour sera roi
Où l’amour sera loi
Et tu seras reine»
Jacques Brel
O som seco de um tiro ao longe vem lembrar-me que hoje é quinta-feira e acabou o defeso – abriu a época de caça aos bichos de aviário – e já o ar fresco da manhã se deixa marcar pelo bafo quente da respiração.
Eis o Outono que vem chegando.
Mergulho agora as mãos numa taça de missangas cor de marfim pequeníssimas e, de repente, elas saltam coloridas como se reagissem à cor imposta. Querem ser incertas de muitas cores, misturadas de céu e de terra, de relva e de sangue, de milho e de prata. Querem cingir os pulsos das meninas negras, o colo e os cabelos, querem alegrar o fato da menina branca mascarada em cigana.
Os fios de gelatina longos e ondeantes, descendo na correnteza leve da nascente acima, colares de missangas de uma só cor, prendidos aqui e além por pedras e tufos de erva dos bordos da vala. Escorregadias, missangas negras enroladas nos tornozelos, nos pés descalços, deslizam, fugidios, por entre os dedos das mãos que os querem prender.
Era o recomeço da vida nas primeiras chuvas de Setembro.
3 comentários:
Olá!
Foi bom recordar esta melodia. Quase como um hino que se entranha na alma.
Fiquei assim, baixinho, a sentir o acompanhamento musical...
Bjs. Boa semana.
Ah... tu és a dona do Matisse!!!
Também tens umas belas fotografias...
Tão bonito este teu post! As belas palavras de Jacques Brel. E as tuas, onde sempre pressinto um grande amor à vida.
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