«O poema me levará no tempo
Quando eu já não for eu
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê
O poema alguém o dirá
Às searas
Sua passagem se confundirá
Como rumor do mar com o passar do vento
O poema habitará
O espaço mais concreto e mais atento
No ar claro nas tardes transparentes
Suas sílabas redondas
(Ó antigas ó longas
Eternas tardes lisas)
Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas
E entre quatro paredes densas
De funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
Com o poema no tempo»
Sophia de Mello Breyner Andresen
3 comentários:
"Dóceis contornos esculpidos a cinzel
Que reflectem a frescura da sua pele"
Esses pés, esses pés!!!!!!!!!!
Creio que são o orgulho da sua dona ou não será? Bonitos sem dúvida.
Um beijinho.
Bela despedida em sequência fresca, descontraída de quem está bem consigo mesmo e com a natureza.
Gostei muito de te sentir assim.
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