«O homem não sabia que as cidades que se rodeiam de altos muros (ainda que brancos e com árvores) não se tomam sem luta. Não sabia o homem que antes da batalha pela conquista da cidade outro combate teria de travar e vencer. E que nessa primeira luta teria de lutar consigo mesmo. Ninguém sabe nada de si antes da acção em que tiver de empenhar-se todo. Não conhecemos a força do mar enquanto ele não se move. Não conhecemos o amor antes do amor.»
Numa das suas últimas crónicas, e com a lucidez que lhe é peculiar, António Mega Ferreira toca uma ocorrência de ordem universal, que vai longe, vai até ao âmago do problema que nos vai conduzir à extinção: o domínio intenso, a prevalência, cada vez mais desproporcionada, da língua a que ele chama anglo-americana, sobre todas as outras.
Essa força que nos faz pensar a nós, Portugueses – um povo com quase nove séculos de História independente, duzentos milhões de falantes espalhados pelos cinco continentes –, que conhecer devidamente a nossa língua (ler Aquilino…) é de somenos importância quando se domina bem o inglês. Se, como se constata, os interesses económicos prevalecem sobre todos os outros, é bem certo que os milhares de milhões gerados pelos mais de milhão de chineses vão justificar que nos rendamos rapidamente ao mandarim…
Esqueçamos agora a língua, que deve permanecer traço de união entre povos, sim na sua divulgação e estudo nas várias vertentes, não na simplificação grosseira que apenas alimente a preguiça universal.
A globalização da economia parece que dói. Só não dói, antes apetece cada vez mais, a quem está no topo da cadeia. Ao homem não custa a destruição em massa, a extinção das espécies animais que todos os dias se verifica por falta de espaço no planeta que partilhamos.
O Ocidente impõe a «sua» democracia em todas as partes do mundo, mesmo onde é uma ideia peregrina, inaceitável, incompreensível para as civilizações que não fizeram o percurso devido para que essa forma de enquadramento sócio-político surgisse naturalmente como a mais respeitadora do «outro».
Uma enormidade quando olhada com singeleza: a democracia original floresceu num povo de escravos e estes não contavam, eram carta fora do baralho. Os ocidentais são mais hipócritas: dizem-se preocupados com os povos de África e Médio-Oriente, quando apenas têm interesse nos seus diamantes e seu petróleo. Que importa o povo do Darfur ou do Ruanda, do Iraque ou do Afganistão?
São escravos.
Continuemos a consolidar a nossa «democracia».
Até quando?
3 comentários:
Com poucas palavras, porque o tempo voa e o trabalho não me deixa mais calma, gostei muito do que li...
agradeço as visitas que me tens feito ;-)
Deixo-te um beijinho
boa semana
Daniela :)
Olá Jawaa
Globalização, mais uma séria ameaça.
Abraço
Globalizaçã está sendo meu alvo de estudo no momento. Não podemos dizer que seja 100% ruim ou 100% bom. Mas 50-50. Tem unido os povos, veja você comentando no blog de um brasileiro e eu no seu. Isso é um avanço, seja para bom ou para mal.
Economicamente falando a globalização veio explorar os povos. Vejamos essas empressas como a NIke.
Outro ponto. Não vejo a globalização com uma homegenização do mundo, acho e espero que seja impossivel, veja os diversos grupos locais que estão sobrevivendo e o que é melhor ganhando espaço com a globalização.
Pintei alguns pontos.
Concordo com o que você diz, mas tento ver outros lado dessa moeda.
Beijos
é isso aí!!!
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