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Um pouco mais de sol - e fora brasa,
Um pouco mais de azul - e fora além.
Para atingir faltou-me um golpe d´asa ...
Se ao menos eu permanecesse aquém ...
Paris 1913 - maio 13
Fica-se sempre aquém do sonho. Como
aquele nadador que sobe as escadas da prancha até ao último andar e se detém
olhando o quadrado de azul lá em baixo. Já não é a água, é uma pintura de tela
onde o mergulho não cabe, é o medo da respiração daquele espaço que o separa da
fusão do deleite da entrega.
A vida espraia-se por desejos,
perde-se por veredas e deixa o caminho largo seguir na solidão de si, abrindo
aos outros os espaços onde caberia também, não fosse o medo da sua grandeza. Porque
a grandeza assusta. Mais ainda quando não sabemos bem como gerir um legado de
nove séculos que se cumprem não tarda, 2043 é já ali.
Um milénio é muito tempo. Um milénio
são dez séculos e um século é o tempo de uma vida longa, agora que as vidas humanas
se estendem desafiando o equilíbrio da espécie nem sempre nas condições ideais
de dignidade. E é disto que se trata quando olhamos para este país que é o
nosso, é para crescer em dignidade, que devemos olhar com muita atenção para a
EDUCAÇÃO do próximo século. É mister que se aprofundem os laços com a nossa
História, que se retomem as rotas que nos tornaram grandes há meio milénio, é
mister que os erros cometidos então sirvam de exemplo para firmar o nosso papel
de rosto duma Europa a que sempre pertencemos por direito.
Com a educação de um povo não se
brinca. A economia vive em ondas de crescimento e recuo, os ventos da
globalização sopram e abanam todas as estruturas, mas a Escola (a escola
assenta nos Professores) tem de ser firme, de ter força, tem de ensinar a
Justiça, tem de ensinar o povo que fomos, o povo que somos, tem de construir o
povo que seremos no fim do milénio. E já se faz tarde.
2 comentários:
Não basta ter razão
atingimos o "grau zero" da Educação?
quero acreditar que saberemos salvar a escola...
límpido teu texto.
beijo
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