Príncipe:
Era de noite quando eu bati à tua porta
e na escuridão da tua casa tu vieste abrir
e não me conheceste.
Era de noite
são mil e umas
as noites em que bato à tua porta
e tu vens abrir
e não me reconheces
porque eu jamais bato à tua porta.
Ainda que me abrace a suavidade das manhãs numa claridade baça, colorida pelo chilrear dos pássaros ainda no ninho, ainda que o sol pouse nas lágrimas coloridas de poentes esplendorosos, eu só ouço, eu só desejo o mar revolto, as vagas chegando uma após outra, erguidas longe e chegando em fragor para o beijo nas rochas, para a alegria branca de espuma saltando, no rolar descansado de depois, dos passos leves, redondos, mansos, lambendo a areia da praia. A seguir outra onda, outras ondas.
Há o lago quieto, largo, brando, o horizonte imenso com brilhos de vento sobre as águas, os pássaros, os patos, os barcos. Há os campos de relva, as árvores – ah, as árvores! – e os bancos vazios. A plenitude de uma natureza afável, imensa, com tufos de verdura húmida onde a serenidade impera, ordenada e branda.
Em cada um de nós há silêncios que pousam no fundo e sedimentam o sofrimento calado no lodo dos pantanais. A fúria das águas, a fúria do vento nas tempestades, os raios, os trovões, estremecem, destelham a casa, fendem os ramos, deixam ruínas, estilhaços e pó. Mas o rio corre sempre para a foz e a natureza tudo repõe em nova ordem.
Em cada um de nós há silêncios que pousam no fundo e sedimentam o sofrimento calado no lodo dos pantanais. A fúria das águas, a fúria do vento nas tempestades, os raios, os trovões, estremecem, destelham a casa, fendem os ramos, deixam ruínas, estilhaços e pó. Mas o rio corre sempre para a foz e a natureza tudo repõe em nova ordem.
Eu só procuro o calor humano que dá vida à vida, que acende o rubor cá dentro, que desvenda as pérolas nos lábios, que corre e lança gritos nas areias, que mergulha nas águas e lhes colhe a frescura. Que enche os bancos de sonhos. Ainda que não se concretizem.
4 comentários:
Não é um lamento, não é uma garga-
lhada, porventura nem sequer um sorriso. Mas os olhares já passaram
por lados, mares, rios, tempesta-
des, entre fecundidades florais de distâncias sem medida.
Se não é isso, embora haja a lem-
brança física disso, as palavras
que nos tocam no fim anunciam um
forte sentimento de amor pela bele-za e uma grande vontade de viver
Ler-te
simetricamente
neste tempo todo, enxuto o pensamento, honesto o querer.
E desejar-te um tempo de sempre procura
"do calor humano que dá vida à vida"
Bjinhos da bettips
gosto de bater à tua porta. bem sabendo eu que apenas me responde o eco de mim...
excelente.
beijo
Belíssimo, Jawaa!
Enviar um comentário