Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Carlos Drumond de Andrade
Outra vez o dilúvio. A água batendo com força nos telhados, o céu de comportas abertas pela madrugada fora.
Ontem Lisboa como já não lembrava, a chuva em rajadas irreverentes acordando risos sob guarda-chuvas e gabardines incapazes de cumprir o seu dever, incapazes de evitar que a água ensopasse as roupas de quem foi apanhado na rua.
Agora o vento corre nas caleiras do telhado. A chuva cai mais mansa, ininterruptamente, mantendo o brilho das folhas, lavando os botões de rosa ainda fechados, abrindo o sorriso aos cravos. Cá dentro, a serenidade toma as rédeas das cavalgadas sem tino pelas anharas do tempo, os castelos de salalé dos Setembros do meu planalto soltando asas, nuvens de insectos entontecidos na noite, servindo de pasto às aves.
6 comentários:
Que bom que é sentir o tempo assim, a vida com Outono, folhas
e brisas leves, abrir os olhos ao
dia possível, sem medo da noite súbita, nem das cada vez maiores
tempestades, o sol em breve, por-
que não?
O teu texto tem cheiros, tem sons, tem sabores. Tem a sabedoria de quem ouve a natureza e o tempo a passar.
Beijo
nada como os sabores de Outono para dulcificar a impetuosidade da Primavera...
belíssimo. "sente-se" a tua escrita.
beijos
Passei 3 dias em Lisboa, tenho muita vontade de retornar!
Um beijo, parabéns pelo blog!
Inês.
Que junto as folhas no chão nossos sonhos se realizem para que outros possam cair por terra no próximo outono.
Boa semana pra ti!
Tão bonito, Jawaa!
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