Busque Amor novas artes, novo engenho
Pera matar-me, e novas esquivanças,
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, enquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê,
Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como e dói não sei porquê.
Luís de Camões
Pelo engenho da palavra surge o engenho da imagem e com a imagem do engenho brotam palavras sem fim do engenho do pensamento.
Parti do nosso Camões pedindo às Musas «engenho e arte» para levar a cabo a sua obra, e a maior de todos nós, lembrei a sabedoria do povo dizendo que «a necessidade aguça o engenho» e dessa necessidade me fui a saber do engenho, nos engenhos que os homens urdiram para esclarecer o pensamento.
Fui ciscar no velho Lello, amigo fiel, encontrei o ardil e a astúcia depois da habilidade e talento, até em itálico que Platão e Aristóteles foram grandes engenhos da Antiguidade. Confirmando no Houaiss, o engenho começa por ser arte do pensamento humano e só depois passa o nome para engenho de açúcar, moinho de vento, azenhas de água e por aí adiante, que os engenhos não acabam.
O engenho da escrita, o engenho da imagem, o engenho que permite todas as ousadias, olhar a neve que cai do outro lado do mundo, olhar a guerra que não conseguimos parar porque os homens constroem engenhos desde que o mundo é mundo, engenho do Homem para dominar os seres da Terra.
Destes engenhos, que os não referi a todos, prefiro o modesto engenho da natureza, no repouso e variedade. Eu procuro repouso para sossego dos sentidos, também pelos sentimentos. Falta-me procurar sossegar a inteligência.
10 comentários:
E que Deus ilumine os nossos engenhos e nos traga novos engenhos. Belo ensaio.
E ainda tem os engelhos de cana-de-açucar de José Lins do Rêgo de quem eu gosto muito.
Um imenso abraço e muita paz,
Daniel
Mas que engenhosa a minha amiga se revela, a cada passo:))
Um beijinho de bom fim de semana
Engenhosamente óbvio.
Rocha de Sousa
Minha Amiga, a inteligência não se sossega...muitos beijos.
Adorei, Jawaa!
Gostei muito do teu texto. Só não sei se a inteligência se consegue sossegar. Eu ainda não consegui. :)**
minha querida amiga, desculpa contrariar-te - hoje não há engenho, mas "engenharias"!
... até o "engenho da natureza" está "maculado".
(a tua inteligência está viva e recomenda-se... rss)
beijo
Esse é o engenho mais apreciável!!! O que queremos manter vivo em nós; e com os outros. Muito bem "engenhado" menina.
Isto é que é escrever bem. Com engenho, não é?
Muitos cumprimentos.
SUA ANALFABETA!!!!!!!!!!
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