É na VULNERABILIDADE da tua pele
Que afago TAPEÇARIAS suaves
E traço a SILHUETA da luxúria
Com uma PENA de sonho permanente.
É no ORVALHO do desejo derramado,
Sem a OBSTRUÇÃO de juízos adormecidos,
Que da MORTE nos acordamos acesos
Quando a inflamada MANHÃ nos sorri.
És o EXPONENTE da minha fraqueza,
És CRIANÇA e mulher de raiz no teu sol,
Onde me aqueço e me entronco mais forte.
O teu ar é o CONSELHEIRO que me atrai
Para te AFASTAR de memórias, a gritar
Nas brumas que te matam em silêncio.
Nilson Barcelli em Maio 2008
Escrito para os 3º jogo do Eremita com as 12 palavras obrigatórias em maiúsculas
É que as rosas insistem em abrir agora, mau grado as nuvens que tapam o sol, a água que encharca os botões, o vento que lhes leva as folhas.
Porque elas já surgem magoadas, porque a chuva vem ácida, porque os ventos já não são sérios e trazem no ventre caminhos que rasgam a majestade, que deixam marcas de pena, ponteiam as folhas, secam os troncos, matam as cores, secam as pétalas.
Pode ser que os homens se encham de bondade e construam a represa que sustenha a caminhada inexorável da destruição do planeta. Só que eles não caminham em grupo, não voam
Afinal os homens dominam o mundo mas não dominam a natureza. O céu despenha a água de sempre e a terra enfurece-se porque lhe desviaram, lhe cortaram os trilhos, os leitos que criou para ela, ela que querem domar. Gastam materiais e tempo sem respeito, sem ouvirem a outra parte, que serenamente mostra ser a mais forte. A água corre pelo caminho de sempre, ali ao lado, sem tocar na obra do homem. É só uma amostra.
Mas o homem está feliz porque fez o que queria.
Terá feito o que deveria?
9 comentários:
Obrigado pelo destaque que deste ao meu poema.
Li este e mais alguns textos teus. Tu sabes escrever... eu, faço por isso mas ainda estou longe...
Boa semana, beijinhos.
Deixem a língua florir fluente... as águas tomarem o seu curso na natureza, mãos de boa vontade acenando ...será um mundo apenas "um pouco" mais azul!
Porque sim, vale a pena insistir.
Bjinho
Passa pela Nova Águia, está lá um poema meu sobre o achamento do Brasil, de que sei que vais gostar.
Beijinho.
Que lindas rosas verdes. Quando é que eu aprendo a tirar fotografias? Se soubesse havia de as por no meu blogue.
Quer vir passar um bocadinho à minha casinha? ;) :)))
Ah, se os homens que conhecem os caminhos conseguissem voar em formação...a natureza seria respeitada e aí sim, o homem poderia encontrar o equilíbrio.
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
PS: Jawaa, amo sua literatura.
Afetuosos abraços.
os homens estão felizes com a sua obra? não sei, não...
não só fizeram o que deviam como a ganância os deixa cegos...
Não sei se o homem está feliz. Bela a expressão "não voam em formação". Quem dera fossemos pássaros e tudo seria diferente e simples.
Gosto imenso das rosas brancas.As rosas «rosamesmo» são uma, para mim, espécie de lugar comum. A passagem do seu texto pelas rosas, a sensibilidade à brevidade da vida delas,isso encaixa bem com o
outro lado dos nossos encontros
e desencontros,as vontades doen- ti e essa pergunta, depois da alucinação dos humanos em perma-
nente crise, se, além de
terem feito o que queriam, se fizeram o que deviam.
A Terra já começou a responder-nos.
do amigo
Rocha de Sousa
Enviar um comentário