Uma bicicleta motorizada…que beleza!
Dá para recordar a primeira sensação de liberdade plena na infância, e dar uma volta por ruelas já limpas da neve nos jardins em volta da casa, é indescritível.
Mas bicicleta e motorizada e moto, tudo se mistura em relacionamentos desconexos de vivências de alegrias e angústias, inseguranças e temores, separadas por décadas e que agora emergem em conversas risonhas. Como o tempo afaga as arestas e torna tudo tão suave!
«Irmã, acabou-se a gasolina, estou a pé na estrada, a caminho de casa, ninguém pára…»
«São 2 da manhã, o que é que esperas…?!»
Depois é preciso voltar para trás, a moto ficou escondida algures, tapada, disfarçada nas ervas… aqui… mais além, não, foi ali que a deixei... tenho a certeza.
Numa outra noite, dia aberto já, e o telefone toca… «hospital…» corridas desenfreadas de carro e coração… uma maca no corredor é aquele ali… não, mas este não é o meu filho!
Já sem crer…inchado? Não, não é ele…!
Então, como numa aparição, surge da porta ao fundo numa cadeira empurrada, esguio, o soro ligado a um braço, o outro de dedo no ar… sorriso pálido: «Eu, estou aqui!»
«E daquela vez…lembras-te?»… «Se lembro… nem a mãe sabe da missa a metade…!»
O sorriso doce de menino traquina mantém-se no tempo, desarma e enrola e seduz.
Laços que não desatam.
7 comentários:
Pois é! Para as mães seremos sempre eternos meninos... o tempo parece que não passa!
Beijo deste seu Pingo - Peter Pan
Jawaa que escrita linda. A cada post me apaixono mais pelo seu dom.
Essas suas vivências assemelham com vivências de mim e minha mãe. Juro.
\o/ Afetuosos
Olá Jawaa
Peripécias da vida tão bem descritas!
Neve! Montanhas de neve branca que rodeiam as habitações!
Que lindo este cenário!
A mãe que se aflige com o seu (eterno)menino!
Grande abraço
Por vezes, ao ler textos como o seu, lembrando-me também de ter um
irmão que era menino mais ladino do
que eu, penso que há muitas histó-
rias destas, semelhantes, quase iguais, na infância de todas as ge-
rações, diferentes pela mudança dos
meios e dos tempos, não tanto pelo
sentido.
Eu tinha, a certa altura, um trici-
clo e passeava nele pelo jardim da
minha cidade. Mais velho, o meu ir-
mão queria tirar-me da pasmaceira,
empurrava o triciclo, e eu berrava
com os pés a serem atropelados pelos pedais. E um dia, numa espé-
cie de degrau, lá fui eu de cabeça,
logo marcado por um corte sério na
testa. Vim berrando para casa, o meu irmão pálido, e fomos logo ao
consultório de um médico a duas portas da minha. Era um grande ami-
go, viera de uma especialidade em
Espanha, e fez comigo a estreia do
consultório. Foi assim que fiquei
a saber o que eram gatos terapêuti-
cos, uma garra em metal. Levei dois
gatos e fui comer, enjoado do medo,
um belo caldo verde que tínhamos naquele dia. O meu irmão ficou de
«quarentena», obrigado a estudar.
Os seus leitores não me deixam men-
tir quando aprecio os seus textos,
belíssimos. Hoje só partilhei esta
historieta, que faz parte de um contexto parecido, no sentido, ao que excelentemente evocou.
Até à próxima. Cá vamos fazendo de
meninos, a carregar os fardos da memória, aventuras à Salgari.
Um abraço
Rocha de Sousa
querida____________Jawaa
os sustos que se pregam aos corações das mães
a minha lista não é muito negra_______mas já fiz alguns_______e também já recebi uns tantos. mas pequenos:))
é só deixar o tempo passar:)
mas que passe bem-devagarzinho:)
beijO c/ carinhO
muito bem descritas. as tuas traquinices da adolescência. grato pela partilha.
Obrigada pelo seu belíssimo texto.
Bjs ana
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