quarta-feira, agosto 23, 2006

Libertação

«Ceifeira que andas à calma, no campo ceifando o trigo
Ceifa as penas da minh’alma, ceifa-as e leva-as contigo.

Abalei do Alentejo, olhei para trás chorando
Adeus terra da minh’alma, tão longe me vais ficando…»





O mergulho na água morna, aquecida pelo sol inclemente no coração do Alentejo, apaga as inquietações mais fundas de um emprego instável, de um mundo inseguro e injusto. Principalmente injusto.





Ouve-se a solidão no vento que balouça as ramadas do único ulmeiro que ladeia a casa, no olhar do pónei que olha curioso o novo inquilino e nas nuvens galopantes que enfeitam o céu. De dia. Porque a noite traz o esplendor da Via Láctea, o caminhar lento das estrelas no manto escuro da lua nova.

Aqui não há senhores, nem há escravos.

Libertamo-nos no acto de nascer, mal nos cortam o cordão umbilical. A dependência vem depois e tem a ver com a sobrevivência do corpo. Mais tarde da alma. Tornamo-nos escravos da família, dos amigos, do trabalho, da religião, da droga, do sexo, do dinheiro. Do medo também.

E do Amor.

1 comentário:

Miguel Baganha disse...

Obrigado pla visita, Jawaa!
Gostei do seu blog... voltarei com mais tempo pra passear por aqui.

Até breve ;-)